A nossa vida deixou de ser a dois há muito tempo, passou a ser a quatro. Os momentos que temos a dois são escassos. Quando o pai está, a Margarida ocupa muita da sua atenção. Depois tem os dez por cento para o Rodrigo. E a mãe fica com um bocadinho. Aproveitamos para estar juntos, conversar quando eles vão dormir.
Cá no Fundão, fazer filhoses no Natal é uma tradição. Vamos para casa da minha mãe, que aprendeu a receita com a mãe dela, a minha avó Elvira. O Rodrigo gostou muito de mexer na massa.
Se o Rodrigo está mais agitado e eu me mantiver calmo ele acalma-se naturalmente. Isto é uma coisa que tenho feito muito à noite quando ele acorda e está inquieto a chorar. Nessa altura pego nele e tento acalmá-lo cantando uma música calminha. Falo com ele devagar e baloiço-o um bocadinho. Devo dizer que quando o faço de uma forma mais tranquila resulta melhor do que se o fizer à pressa. Acho que o Rodrigo consegue sentir o que estamos a sentir. E no fundo esta tranquilidade aproxima-nos. Não sei se é científico, mas é o que acontece. Quando estou mais calmo ele, tende a ficar mais calmo. Até hoje não tivemos nenhum stresse.
Não somos muito fãs de chupeta, por isso tentámos ao máximo nos primeiros tempos ele nem saber da sua existência, apesar de o Rodrigo ser um bebé que gosta muito de chuchar. A nossa pediatra aconselhou-nos que nas primeiras semanas não lhe dessemos a chupeta para garantir que ele fazia uma boa pega. Pega feita. Agora temos andado a testar a ver se ele gosta ou não. Há momentos em que ele pega na chupeta e até adormece com ela, mas depois há outros em que a rejeita. Por isso ainda não sabemos bem se no futuro ele irá usá-la ou não. Uma coisa é certa, ele prefere claramente a maminha. Acho que é a melhor “arma” de consolo. Só que a maminha não é um objecto autónomo e claro tenho que andar sempre com ele ao colo. Por isso nos momentos em que não estou presente a chupeta poderá vir a ser uma ajuda. Até agora, como temos passado o tempo todo juntos, não tem feito grande falta.
Durante os dois primeiros anos de namoro a Ana tinha umas fases mais emotivas, outras mais pacatas. Ela assume até que talvez fosse «um bocadinho dramática». Depois da gravidez tudo mudou. No sentido em que se adaptou às circunstâncias. A atitude perante os problemas e eventuais adversidades alterou-se uma vez que passou a encarar os problemas com alguma tranquilidade. Hoje sinto-a mais despreocupada. É tudo muito mais leve. Porque o que interessa, o que realmente importa é que eles – os filhos – estejam bem.