Todos os anos a escola festeja o Dia do Pijama a 20 de Novembro. Cá por casa, há sempre alguma coisa para fazer, a pedido das educadoras. Tentamos explicar o significado do dia, que coincide com o dia da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Fazemos questão de lembrar que as crianças têm «direito a crescer numa família».
A nossa vida deixou de ser a dois há muito tempo, passou a ser a quatro. Os momentos que temos a dois são escassos. Quando o pai está, a Margarida ocupa muita da sua atenção. Depois tem os dez por cento para o Rodrigo. E a mãe fica com um bocadinho. Aproveitamos para estar juntos, conversar quando eles vão dormir.
Quando a Margarida era pequenina, custou bastante estar longe. Estava em período formativo por isso fiquei quase quatro meses fora de casa. Agora as coisas estão mais estabilizadas, não tenho andado tanto fora. Trabalho quatro dias e no quinto dia venho a casa. As novas tecnologias e redes sociais, ajudam bastante. Falamos várias vezes por videoconferência, durante o dia ou à noite.
Quando forem adultos, os nossos garotos vão ter valores fortes, porque conhecem os vizinhos do lado, tratam-nos pelo nome, podem brincar na rua sem problemas. Vivemos numa pequena cidade com muita qualidade de vida. Eles sentem isso, não estão preocupados nem com transportes públicos nem com o tempo para chegar ao colégio nem do colégio para casa. A Vera trabalha a 20 quilómetros de casa mas faz o percurso rapidamente. Temos muita qualidade de vida. E acredito que isso vai reflectir-se na vida deles: vão ser melhores cidadãos, melhores seres humanos.
Há meses que não conseguimos fazer um programa a dois. Também porque não queremos, é verdade. Estamos tão pouco tempo todos juntos que, quando estou de folga, aproveitamos para estar todos juntos. Fazemos programas alargados. Um casal tem de ter um tempo próprio para fortalecer e enriquecer o relacionamento, mas com os filhos tudo se altera. Nós conseguimos, de uma forma salutar, conciliar as coisas. Quando eles vão dormir, temos o nosso tempinho só para os dois.
Não têm sido fáceis os últimos tempos. Ainda estou a usufruir do horário reduzido para a amamentação mas não estou a conseguir cumpri-lo. Temos muito trabalho e falta de pessoas. Uma das minhas colegas foi mãe. O marido trabalha comigo e também está de licença. Tenho chegado a casa tarde e muito cansada. O infantário fecha às 19h e, às vezes, vou buscar os meninos perto dessa hora. O meu horário de saída é às 16h. Não tem sido fácil, tem havido um desgaste físico e psicológico muito grande mas chego ao infantário, desligo um botão e ligo o outro. A partir daí, o tempo é deles. Agora quero ver se consigo conciliar pelo menos os últimos meses da licença, para aproveitar mais o ar puro. Quero aproveitar para andar de bicicleta e brincar ao ar livre com eles.