A nossa vida deixou de ser a dois há muito tempo, passou a ser a quatro. Os momentos que temos a dois são escassos. Quando o pai está, a Margarida ocupa muita da sua atenção. Depois tem os dez por cento para o Rodrigo. E a mãe fica com um bocadinho. Aproveitamos para estar juntos, conversar quando eles vão dormir.
Não sei o que é tempo pessoal há muito tempo. Relaxar, parar simplesmente tem sido muito difícil. Já não me lembro o que é estar sentada no sofá a ver um filme, por exemplo. Quando o Rodrigo e a Margarida estão mais tranquilos, aproveito para passar a ferro, para limpar a casa, enfim, tenho sempre o que fazer... Não sei o que são massagens, ler um livro, estar na rua sem fazer nada, a olhar para os passarinhos há muito tempo. Mas vale a pena.
Não têm sido fáceis os últimos tempos. Ainda estou a usufruir do horário reduzido para a amamentação mas não estou a conseguir cumpri-lo. Temos muito trabalho e falta de pessoas. Uma das minhas colegas foi mãe. O marido trabalha comigo e também está de licença. Tenho chegado a casa tarde e muito cansada. O infantário fecha às 19h e, às vezes, vou buscar os meninos perto dessa hora. O meu horário de saída é às 16h. Não tem sido fácil, tem havido um desgaste físico e psicológico muito grande mas chego ao infantário, desligo um botão e ligo o outro. A partir daí, o tempo é deles. Agora quero ver se consigo conciliar pelo menos os últimos meses da licença, para aproveitar mais o ar puro. Quero aproveitar para andar de bicicleta e brincar ao ar livre com eles.