Confesso que continua a custar-me muito deixá-los. Eles é que são a minha família e quero que estejamos sempre juntos. Por um lado, sabe-me bem sair e jantar fora com a Ana, por outro sinto-me sempre muito culpado porque deixei os meus filhos com outras pessoas. Sei que estou a repetir-me, mas sempre quis muito ter filhos e parece-me paradoxal procurar oportunidades para deixá-los longe de mim.
Daniel
Lentamente voltámos a ter momentos a dois. Fora o filme «Os Crimes de Grindewald» fazemos sessões de cinema em casa. Temos sempre um balde de pipocas e como eles têm ido dormir cedo, escolhemos um filme e é o nosso programa aos sábados à noite. Também temos ido jantar fora, em média um par de vezes por mês. Os meus pais ou os do Daniel ficam com os miúdos e já nos conseguimos demorar um bocadinho.
Quando se é pai, as datas comemorativas têm um significado ‘antes’ e depois’ do nascimento dos filhos. O Dia dos Namorados não é excepção. Antigamente costumávamos assinalar a data com um programa diferente. Em 2011, por exemplo, fizemos um jantar romântico à luz das velas com corações por todo o lado. No ano seguinte fomos jantar ao Teatro de Portimão com direito a espectáculo e música ambiente. Já em 2013 viajámos até Paris, França, e fomos à Euro Disney. No entanto, desde que temos os miúdos, a disponibilidade não é tanta… mas não deixamos de dar um “miminho” amoroso um ao outro nesse dia. Para nós, é mais importante a data de início da nossa relação (13 Novembro de 2010). Até porque todos os dias são dias bons para celebrar o Amor.
E pronto, 30 meses depois eu e o Daniel conseguimos, finalmente, ir jantar fora a dois. Foi um momento curtinho mas muito prazeiroso. Os meninos ficaram com os pais do Daniel e nós jantámos num sítio a menos de 10 minutos de distância. Inicialmente foi um pouco estranho estarmos sem eles e não parávamos de falar nisso mas, a pouco e pouco, acabámos por desfrutar da companhia um do outro. Foi muito bom. Acho que estávamos a precisar – apesar do Daniel não concordar – de termos algum tempo para nós. Poder fazer uma refeição sem interrupções, babetes e comida a voar. Estávamos a precisar de fazer uma refeição de adultos e também de namorar um pouco. Fez-nos tão bem que combinámos repetir brevemente.
Fomos convidados por um amigo para passar um fim-de-semana na Nazaré, para celebrar o aniversário. Pensámos logo que era um bom momento para "experimentarmos" uma noite sem o Rodrigo. Por um lado, foi uma forma de lidarmos com a distância - desde que o Rodrigo nasceu ainda não tínhamos passado nenhuma noite sem ele. Por outro lado, soube-nos muito bem termos um tempo para namorar e dormir várias horas seguidas pois o bebé acorda bastante à noite e não tem sido fácil descansarmos.
Deixámos o Rodrigo com a avó e voltámos no dia seguinte, com muitas saudades, mas com a certeza que tinha sido um bom momento, tanto para nós como para ele que, ao que parece, dormiu muito bem!