Diário de um pai
19 de Março, dia do pai. Logo pela manhã uma alteração ao status quo, enquanto me vestia a minha filha irrompe pelo quarto – treinada pela mãe – e avança com um: “ia ‘u pai”, seguido de um carinhoso beijo. Pouco depois chega o irmão, doutrinado de igual modo, com o mesmo dizer, melhor articulado e um enorme abraço.
A rotina continuou a ser quebrada com o pequeno-almoço, que se foi prolongado porque, no dia do pai, é o pai quem leva os meninos à escola.
Já passava das nove e meia a e ia rejeitando telefonemas sucessivos o que deu ao «meu» dia a pressão de estar a descurar do trabalho, pensando em simultâneo que à partida ninguém iria morrer por mais meia hora.
Chegados à escola seguiu-se o momento Kodak, ficando registado para a posteridade o ar ensonado dos meus filhos, que claramente queriam tudo menos tirar uma fotografia àquela hora da madrugada. Seguiram-se as duas prendas, naturalmente iguais – é o que sucede aos pais que têm filhos de idades aproximadas no mesmo infantário – que orgulhosamente dispus na minha secretária, empilhando os processos num monte só, ao contrário dos usuais três, fazendo com que este ameace ruir a todo o momento.
Apesar de tudo, quando olho para estas prendinhas uma sensação comparável à de uma manta quentinha que me conforta e me faz pensar: “Foi um óptimo dia do pai!”
Daniel