Não temos dúvida: somos melhores pessoas graças ao nascimento do Rodrigo. Estamos sempre a aprender com ele. Obriga-nos a saber mais sobre educação, a ler emoções, lidar com situações complicadas. Às vezes irritamo-nos, mas acabamos por perceber que não serve de nada. Por outro lado, aprendemos a funcionar em equipa. Quando ele exige atenção e estamos cansados, um de nós assume o comando ou falamos com ele e procuramos explicar isso mesmo.
Cá em casa não somos apologistas de horários muito rígidos. Acima de tudo, preocupamo-nos em perceber qual é o estado de espírito do nosso filho. No outro dia, por exemplo, lanchámos tarde pois resolvemos comer panquecas. Achámos por isso que o Rodrigo não iria jantar muito, mas enganámo-nos. (risos) Ele comeu sopa e dois pratos! Às vezes os miúdos querem comer, outras vezes não e, ainda assim, está tudo bem. Quando percebemos que não é obrigatório comerem determinadas quantidades a horas certas, relaxamos. E eles acabam por aproveitar a comida de uma outra maneira.
O Rodrigo é uma criança cada vez mais autónoma. Há tarefas que ele gosta especialmente de fazer sozinho, como a escolha da roupa. Já tenta calçar os sapatos e gosta em especial de escolher as meias. Quando chega a hora de tomar banho também insiste em despir algumas peças de roupa. Ultimamente gosta de ser ele a colocar a mochila da escola dentro do carro e de subir para a cadeirinha onde viaja.
O Rodrigo gosta muito de fazer desenhos. A Margarida sempre gostou muito de fazer desenhos e ele copia tudo o que a irmã faz. Assimila os conceitos de pai e carro e tenta fazer uns desenhos parecidos com um carro e o pai. Agora como estou em casa, ele desenha-me mais. Mostra a necessidade de estar com o pai nos desenhos. É muito engraçado.
As noites tranquilas duraram pouco tempo. Os meus filhos adoram dormir na nossa cama e, de há duas semanas para cá, interrompem-nos o sono para irem dormir na nossa cama. Normalmente a Margarida acorda primeiro, a chamar por mim e a pedir para fazer “naninha”, que 'quero ir para a tua cama'. E vai, claro. Caso contrário berra e esperneia até que eu ceda. Passado pouco tempo lá vem o meu filho, sempre acompanhado da sua almofada, exigindo deitar-se no 'seu lado', onde se deita o pai. O Daniel pai, coitado, vai sonolento deitar-se no quarto dos meninos onde passa o resto da noite. Isto não é fácil...
Há um ano o Rodrigo começou a introdução à alimentação complementar. Foi um período muito engraçado de muita experiência nova e aprendizagem, tanto para ele como para nós. Um ano passou e começou a comer sozinho. Muitas vezes está a comer a sopa e pede para comermos também, como se fôssemos o "exemplo a seguir". Isso leva-nos a perceber que ele está muito atento a tudo o que fazemos e somos de facto o exemplo dele. Portanto nada melhor do que comer bem, respeitar o momento à mesa, aproveitar para contarmos por exemplo como foi o nosso dia. Este momento a três fortalece a relação como família. E sim, todos temos que comer a sopa.
Uma aprendizagem recente que fizemos foi aprender a reconhecer aquilo que são identificados como os períodos sensíveis, ou seja, fases em que a criança está focada em determinada acção. No caso do Rodrigo identificámos que, há umas semanas atrás, ele se concentrava, em especial, em conseguir subir e descer escadas. Isso traduzia a capacidade de treinar algo que vai fazer parte da vida dele. Tentamos potenciar ao máximo estes períodos. Não o paramos nem dizemos coisas como: - «Rodrigo, já subiste as escadas 10 vezes. Agora não o faça mais!». Se ele tem essa vontade e necessidade, deixamos que a treine – não quer dizer que fique uma tarde inteira a subir ou a descer escadas.
É inegável: ter filhos muda muito a vida de um casal. Os filhos absorvem muito do nosso tempo e acabam sempre por ser a prioridade. Já nos tem acontecido, por exemplo, - e até mais do que uma vez – tirar uma manhã ou uma tarde para irmos almoçar juntos enquanto eles estão na escola, mas, de repente, telefonam-nos a dizer: «O Dinis está doente!» ou «O Miguel tem febre», e lá vamos nós buscá-los. Quando eles estão na escola permite-nos ter tempo e libertar-nos para o resto da vida. É ambíguo dizer isto, mas há, efectivamente, uma necessidade de “desligar” e de termos tempo para as nossas coisas. Achamos que não é saudável os filhos estarem sempre, e a toda a hora, com os pais. O mundo fica fechado e ficam demasiado apegados a nós. Luís e Zara