Nos últimos tempos tudo mudou por causa das minhas novas rotinas. Por diversas vezes, é o Luís que leva o Miguel e o Dinis à escola, enquanto eu fico em casa a despachar-me (tomar banho, vestir) para ir para a farmácia estagiar. Ao fim do dia, quando chegamos a casa, enquanto o Luís dá atenção ao Miguel, seja a fazer desenhos ou a conversar com ele sobre o que aconteceu na escola, eu foco-me no Dinis. Dou-lhe banho e logo a seguir brinco com ele no quarto. Ao fim de semana, quando o Luís não está a trabalhar, aproveitamos para namorar um pouco enquanto os “pirralhos” dormem.
Nunca é fácil ver os nossos filhos doentes. O Miguel teve febre de fenos (rinite alérgica) e acabou por ter de ficar duas semanas em casa pois tinha febres altas. Já no último dia em que o Miguel ficou em casa, o Dinis desenvolveu uma pequena infecção respiratória. Com eles debilitados, os dias não foram fáceis. Para além de preparar as refeições foi necessário dar-lhes a comida à boca pois não se sentiam capazes de comer sozinhos. Também lhes fiz banhos tépidos para a febre baixar. Não foi fácil pois exigiu muita ginástica e jogo de cintura… Ainda tive de encontrar energia e tempo para estudar os últimos módulos do curso que estou a tirar. Mas para uma mãe não há missões impossíveis, pois não?
Quando tive o Dinis e passei pela depressão pós-parto recordo-me de dizer firmemente que não queria ter mais filhos. Costumava dizer: «Nunca mais quero ter filhos. Não quero!». Neste momento já não penso tanto assim. Não quero com isto dizer que desejo ter mais filhos, mas já não sinto aquela aversão que cheguei a sentir. A maternidade foi um caminho que Deus e a vida me ofereceram e eu sinto-me muito grata por isso. Se não tivesse sido mãe não seria a pessoa que sou hoje. Aprendo muito com os meus filhos, com o Luís e a minha família.
Se há coisa que não falta cá em casa é arnica. Ando sempre com isso. Ainda não tivemos nenhum susto grande que nos obrigasse a recorrer a primeiros socorros… Eu sou mais stressada do que o pai. Não tenho nem os instintos nem as reacções dele que, se acontece alguma coisa, vai logo levantá-los do chão ou pôr gelo. Se por exemplo o Daniel cai, a primeira coisa que faço é pegar nele ao colo e abraçá-lo. Diz-se que os beijinhos da mamã curam muita coisa.
Passar por uma depressão pós-parto foi importante. Tornei-me outra pessoa como mulher e mãe. Por exemplo, sinto que consigo lidar melhor com problemas e/ou momentos de discussão. Costumava dizer que, entre nós os dois, o Luís era o mais sensato e sabia lidar melhor com os momentos mais stressantes da vida de pais. Mas, neste momento, acho que isso se inverteu. Continuo a fazer co-sleeping com os miúdos e isso faz com que o Luís durma no sofá ou na cama do Miguel. Como acaba por dormir pior fica com menos paciência e tolerância. É uma fase. Zara
É no mínimo desafiante cuidar de duas crianças tão pequenas quando se está doente. Há dias tive uma infecção no ouvido e isso tornou a situação um pouco mais difícil cá por casa. Por estar a amamentar tive restrições no que toca a medicamentos e isso aumentou exponencialmente o desafio de cuidar dos miúdos. Nestes dias é essencial ser paciente e manter a calma. Quando estou doente a cuidar dos miúdos não consigo ter a energia e o ânimo necessários e que é exigido por duas crianças que só querem brincar. Foram dias maus, cansativos e longos, mas ser mãe é para a vida toda. Como sempre, lá consegui dar a volta e dar conta do recado.
Pelo que temos vindo a perceber em Portugal não é muito comum existirem grupos onde os pais se juntam para de vez em quando passearem com os filhos. Talvez isso aconteça também porque as licenças de parentalidade são mais reduzidas que noutros países (como é o caso do norte da Europa).
De qualquer forma tivemos a sorte de conseguirmos encontrar algumas mães com disponibilidade e, de vez em quando, reunimo-nos num parque, ao ar livre. Esta convivência é muito saudável para os nossos bebés que interagem entre eles e muito útil também para nós como pais, pois permite que partilhemos as nossas dúvidas com outras pessoas que estão a viver a mesma situação que nós.
No passado dia 11 fui convidada para falar sobre a minha vida académica, profissional e, também, claro está, da minha apaixonante experiência de ser mãe de duas “crias macho” no programa “Vale a Pena”, na Rádio Foia, de Monchique. A experiência foi muito gratificante para mim pois gostei de poder transmitir, a quem me ouvia, uma mensagem positiva sobre a vida de mãe. Gostei especialmente de falar sobre o Projeto Bebés Saúda, explicando aos ouvintes como esta aventura começou. Por outro lado, “Vale a Pena” permitiu-me mostrar aos outros como, às vezes, os caminhos que tomamos nem sempre nos dão os maiores sucessos ao nível profissional. Falei sobre o facto da região onde actualmente residimos, Portimão, Algarve, apostar no turismo sazonal, não valorizando quem direccionou os seus estudos à fase mais bonita da vida – a velhice.
As nossas conversas a dois têm sido mais frequentes durante a madrugada. Por volta das 03h00 ou 04h00 da manhã é quando vamos conversando. Quando o Rodrigo acorda e está a mamar conseguimos falar um bocadinho mais. Como acordamos durante a noite já não conseguimos voltar a dormir e é aí, nesses momentos, que vamos falando. Durante as noites, o Hugo fica de olho na Margarida e eu com o Rodrigo. Ainda no outro dia falava com o Hugo e dizia-lhe que temos de fazer um programa a dois, ir ao cinema. Deixamos os meninos com os avôs e saímos só os dois. É algo que não temos tido oportunidade de fazer.
Cuidar de um filho é algo muito especial mas também tem os seus momentos duros. Ter de ficar com o Daniel e a Margarida enquanto o pai está a trabalhar tem sido uma grande aventura!