Não temos dúvida: somos melhores pessoas graças ao nascimento do Rodrigo. Estamos sempre a aprender com ele. Obriga-nos a saber mais sobre educação, a ler emoções, lidar com situações complicadas. Às vezes irritamo-nos, mas acabamos por perceber que não serve de nada. Por outro lado, aprendemos a funcionar em equipa. Quando ele exige atenção e estamos cansados, um de nós assume o comando ou falamos com ele e procuramos explicar isso mesmo.
Na escolinha do Dinis, na Sala Azul Escura, ele tem um amiguinho que tem um bebé de brincar. Então, o Dinis começou a pedir-nos um. Sempre que o ia buscar à escola, pedia um bebé para brincar: «Mãe, comprar bebé. O Dinis quer compras». Muitas vezes chorava porque eu respondia que o Pai Natal ia trazer-lhe um bebé de brincar. Um dia, rendi-me e, assim que o fui buscar à escola, fomos comprar um bebé chorão, que diz mamã e papá. O Dinis ficou tão feliz, tão feliz, que adormece todas as noites agarrado ao bebé Zara. Sim, ele batizou o bebé de Zara!
Desmamar o Dinis não foi nada fácil. Acho que nós, mães, sem querer acabamos sempre por proteger mais um bocadinho o filho mais novo. Tentei tirar-lhe a mama várias vezes até conseguir: no final de Maio, em Setembro e em Novembro. Voltei a amamentá-lo porque o Dinis adoeceu com otites e constipações. Como se recusava a comer e estava a tomar antibióticos, queria protegê-lo com o meu leite. Mas, em Novembro, fiz análises e percebi que estou com défice de ferro e de ácido fólico por causa da amamentação, por isso, resolvi fazer o desmame de vez.
Todos os anos a escola festeja o Dia do Pijama a 20 de Novembro. Cá por casa, há sempre alguma coisa para fazer, a pedido das educadoras. Tentamos explicar o significado do dia, que coincide com o dia da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Fazemos questão de lembrar que as crianças têm «direito a crescer numa família».
O Rodrigo tem um triciclo que já era da Margarida, mas não lhe liga nenhuma. Prefere andar numa mota que lá tem e mais recentemente pede para andar na "cicleta da mana”.
A relação do Rodrigo e da Margarida é muito boa. Têm uma grande afinidade. Quando a Margarida sai, ele pergunta: “a mana?”. Se ela por acaso for dormir à minha mãe, o Rodrigo passa o tempo a perguntar pela mana. É um amor infinito. Mas também já começaram a fase do gato e do rato. Mais o Rodrigo: é mais travesso. Arranha-a, apanha-lhe o cabelo… Ela tenta gerir. Tem muita calma. Não lhe bate, é bastante pacífica. Pede-lhe para não fazer aquilo. Depois, eu digo: Rodrigo pede desculpa à mana. E ele derrete-se em beijos. Ela derrete-se com os beijinhos e com os abracinhos dele e pronto, passa logo. Comportamento gera comportamento. Se ela começar a bater, ele continua e então andamos aqui em grandes birras e batalhas navais, e não é isso que se pretende.
Com esta idade, a Margarida era mais autónoma a nível da linguagem do que o Rodrigo. Com pouco mais de um ano dizia tudo. Mas no comportamento são bastante parecidos. A Margarida também o estimula e provoca. Ele quer fazer tudo o que a irmã faz. Agora adora fazer exercício físico e tudo serve para isso. Se a Margarida dá uma cambalhota, ele dá também. E sem medo. É bastante aventureiro.
A prática regular de actividade física proporciona uma melhoria no bem-estar das crianças e ajuda ao desenvolvimento das suas habilidades psicomotoras e emocionais. Por influência principalmente da Margarida, que adora saltar à corda, jogar à macaca, correr e saltar, o Rodrigo adora mexer-se. É engraçado que tudo serve para fazer exercício: sofás, cadeiras, enfim... Nós apoiamos e colaboramos pois o exercício físico permite desenvolver habilidades de controlo, coordenação, equilíbrio, resistência e agilidade em diversas actividades pessoais e sociais.
A educadora do Rodrigo disse-nos que iriam mudá-lo de sala. Já passou o mês de Julho a comer e dormir com os meninos mais crescidos, a ir para o parque brincar. Para nós, é uma satisfação pois ele sempre foi muito autónomo. No dia seguinte, já havia comentários das auxiliares a dizer que o Rodrigo era um espectáculo a comer e a dormir. No dia em que a educadora me viu, disse o mesmo e reforçou que ele quase nem precisa de babete, come sozinho, quase sem se sujar, na hora da sesta vai para a caminha dele sozinho deita-se e dorme. Acorda sempre bem-disposto e vai para o parque brincar com um sorriso contagiante.
A Margarida tinha uma secretária com um banco que já não usava no quarto dela. Num sábado, lembrei-me de que estava na altura de o partilhar com o Rodrigo. Bem, ele adorou! Está sempre a sentar-se lá a fazer desenhos ou, como diz a Margarida, “grandes riscalhadas". O que mais adora é fazer o pai. Está em tudo o que desenha.