A pedagoga Maria Montessori, cuja filosofia seguimos, fala num conceito interessante: o adulto preparado. Alguém que, primeiro, aprendeu a lidar consigo próprio para poder educar uma criança, algo muito desafiante. Conhecermo-nos melhor ajuda a agir da melhor forma para o Rodrigo. Muitas vezes projectamos os nossos medos e as nossas vivências neles e não são as mesmas. Por isso o autoconhecimento ajuda a ser melhores pais.
Não temos dúvida: somos melhores pessoas graças ao nascimento do Rodrigo. Estamos sempre a aprender com ele. Obriga-nos a saber mais sobre educação, a ler emoções, lidar com situações complicadas. Às vezes irritamo-nos, mas acabamos por perceber que não serve de nada. Por outro lado, aprendemos a funcionar em equipa. Quando ele exige atenção e estamos cansados, um de nós assume o comando ou falamos com ele e procuramos explicar isso mesmo.
Na escolinha do Dinis, na Sala Azul Escura, ele tem um amiguinho que tem um bebé de brincar. Então, o Dinis começou a pedir-nos um. Sempre que o ia buscar à escola, pedia um bebé para brincar: «Mãe, comprar bebé. O Dinis quer compras». Muitas vezes chorava porque eu respondia que o Pai Natal ia trazer-lhe um bebé de brincar. Um dia, rendi-me e, assim que o fui buscar à escola, fomos comprar um bebé chorão, que diz mamã e papá. O Dinis ficou tão feliz, tão feliz, que adormece todas as noites agarrado ao bebé Zara. Sim, ele batizou o bebé de Zara!
Desmamar o Dinis não foi nada fácil. Acho que nós, mães, sem querer acabamos sempre por proteger mais um bocadinho o filho mais novo. Tentei tirar-lhe a mama várias vezes até conseguir: no final de Maio, em Setembro e em Novembro. Voltei a amamentá-lo porque o Dinis adoeceu com otites e constipações. Como se recusava a comer e estava a tomar antibióticos, queria protegê-lo com o meu leite. Mas, em Novembro, fiz análises e percebi que estou com défice de ferro e de ácido fólico por causa da amamentação, por isso, resolvi fazer o desmame de vez.
Todos os anos a escola festeja o Dia do Pijama a 20 de Novembro. Cá por casa, há sempre alguma coisa para fazer, a pedido das educadoras. Tentamos explicar o significado do dia, que coincide com o dia da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Fazemos questão de lembrar que as crianças têm «direito a crescer numa família».
O Rodrigo sempre foi muito desenvolvido no que toca à linguagem e por isso, para já, a escola tem sido uma ferramenta importante sobretudo no desenvolvimento motor. Como lá têm um espaço exterior muito bom, todos os dias ele e os outros meninos vão à rua brincar, trepar e saltar. Noto-lhe uma evolução nesse campo. Está mais desenvolto quando dá saltos ou tenta dar uma cambalhota. É visível que tenta arriscar mais.
Com esta idade, a Margarida era mais autónoma a nível da linguagem do que o Rodrigo. Com pouco mais de um ano dizia tudo. Mas no comportamento são bastante parecidos. A Margarida também o estimula e provoca. Ele quer fazer tudo o que a irmã faz. Agora adora fazer exercício físico e tudo serve para isso. Se a Margarida dá uma cambalhota, ele dá também. E sem medo. É bastante aventureiro.
O Rodrigo está numa fase muito engraçada, no pico do crescimento. Deixou de ser bebé, passou a ser uma criança. Já fala muito, percebe tudo e interage imenso. Às vezes sabe que está a fazer asneiras, chama-nos e mostra o que está a fazer. Sabe que não deve. É muito provocador. Se lhe dizemos para não fazer uma coisa, com cara de travesso, faz mesmo. O único ponto menos positivo é estar a começar a fase das birras. Mas tudo isso serve de aprendizagem. Ajuda sermos pais de segunda viagem porque temos as ferramentas para parar uma birra.