A pedagoga Maria Montessori, cuja filosofia seguimos, fala num conceito interessante: o adulto preparado. Alguém que, primeiro, aprendeu a lidar consigo próprio para poder educar uma criança, algo muito desafiante. Conhecermo-nos melhor ajuda a agir da melhor forma para o Rodrigo. Muitas vezes projectamos os nossos medos e as nossas vivências neles e não são as mesmas. Por isso o autoconhecimento ajuda a ser melhores pais.
Longe vai o tempo em que, sempre que o Hugo tinha um fim-de-semana de folga, chegava a casa e me dizia: «Faz as malas, fugimos hoje». Eu rapidamente organizava uma mala pequena para o fim-de-semana e saíamos sem destino. Era espectacular. Com filhos tornou-se mais difícil, claro. Há pouco tempo estávamos para ir fazer a vindima mas, à ultima hora, o temporal obrigou-nos a mudar os planos. Foi bom receber uma chamada do Hugo a dizer: «Não há vindima. Vamos passar o fim-de-semana só os dois?» Liguei aos meus pais para perguntar se os meninos podiam lá ficar de sábado para domingo e organizei tudo para fugirmos novamente. Saímos em direção ao Porto, debaixo de chuva. Temos de repetir a fuga pelo menos duas vezes no ano.
Um filho muda bastante a dinâmica de um casal. Os momentos de intimidade podem ser difíceis de manter porque a exigência de horários e o planeamento acaba por tornar o dia-a-dia menos "descontraído". No entanto, nós não deixámos de ter momentos a dois para conversar e namorar, achamos que é essencial para que o casal se mantenha unido! Houve alturas, nos primeiros meses de vida do Rodrigo, em que o cansaço nos levou a discutir por coisas tontas, mas sempre procurámos manter uma comunicação aberta e deixar o orgulho de parte. Se há coisa que sentimos que ganhámos com a vinda do Rodrigo foi uma noção de "família" que nos completa e que ambos desejávamos.
Cá em casa gostamos de boas desculpas para celebrar o Dia dos Namorados, mas não fazemos muita questão que essa celebração seja sempre em dias "oficiais". Por acaso desta vez vamos a um concerto. Vai ser uma saída a dois, e vai saber-nos muito bem!
É inegável: ter filhos muda muito a vida de um casal. Os filhos absorvem muito do nosso tempo e acabam sempre por ser a prioridade. Já nos tem acontecido, por exemplo, - e até mais do que uma vez – tirar uma manhã ou uma tarde para irmos almoçar juntos enquanto eles estão na escola, mas, de repente, telefonam-nos a dizer: «O Dinis está doente!» ou «O Miguel tem febre», e lá vamos nós buscá-los. Quando eles estão na escola permite-nos ter tempo e libertar-nos para o resto da vida. É ambíguo dizer isto, mas há, efectivamente, uma necessidade de “desligar” e de termos tempo para as nossas coisas. Achamos que não é saudável os filhos estarem sempre, e a toda a hora, com os pais. O mundo fica fechado e ficam demasiado apegados a nós. Luís e Zara