Aproxima-se o Inverno e os programas na rua ficam limitados. Decidimos criar um espaço mágico dentro de casa. Além dos quartos e do jogo às escondidas, todas as brincadeiras serão ali. Há uma secretária com folhas e pinturas, uma estante cheia de livros, uma tenda de princesas, outra tenda com um túnel e uma piscina com bolas, muitos brinquedos e dois sofás para descansar. O quarto está decorado a rigor com quadros com os nomes deles e outro pintado por eles. É o cantinho da magia. Tudo se pode viver ali, mas com uma regra bem definida: ninguém sai sem o quarto ficar arrumado.
O Rodrigo quis receber a Primavera cheio de pintas. Passou pela primeira fase da varicela sempre bem-disposto, sem febre, mas com muitas pintas. Teve borbulhas em 95% do corpo! Já vai na segunda semana em casa e as borbulhas continuam a aparecer, mas começaram finalmente a secar. Parece-me agora que vão ser controladas. Borrifo-o com o produto para secar as borbulhas e aplico a pomada pelo corpo todo, na esperança de que não fiquem marcas para a vida.
A Margarida desde muito cedo comunicou muito bem. Dizia tudo direitinho, com a idade do Rodrigo dizia imensas coisas e sabia os sons dos animais quase todos. O Rodrigo é mais preguiçoso. Adora fazer castelos com os legos, colocar as peças geométricas nos sítios certos, mas também agarra em livros e folheia-os como se estivesse a contar uma história, identifica alguns animais e imita os sons. De facto, nunca se pode comparar duas crianças que cada uma tem o seu ritmo.
Quando a Margarida era mais pequena comprámos uma tenda, onde contávamos as histórias e brincávamos as duas. Chamávamos-lhe o “Mundo da Magia”. Como era grande, ficou numa divisão onde a Margarida brinca com as bonecas, mas cujo acesso tem estado interdito ao Rodrigo, porque fica no piso de cima da nossa casa. No fim-de-semana lembrei-me de fazer uma brincadeira. Trouxe a tenda para o rés-do-chão e criámos uma nova história com o Rodrigo. Chamámos-lhe o Rei Rodrigo e a Princesa Margarida. Foi muito giro! O Rodrigo gostou particularmente de pôr os brinquedos dele dentro da “tenda castelo” e de os explorar.
Com as ausências do Hugo, a Rita torna-se o meu braço direito. É muito criativa nas dinâmicas de improviso, dança com os irmãos. O Rodrigo adora. Sou muito grata pela linda família que temos.
Apesar de o Rodrigo ser muito ligado à mãe, tem uma excelente relação comigo. Gosto muito de brincar com ele. Ele continua a ser muito "noiteiro" mas, no dia em que chego, normalmente dorme a noite quase toda, até às 7h. É como se a minha presença o anestesiasse. Acho que fica mais tranquilo.
Não tenho como negá-lo: deixar os nossos filhos com alguém, por umas horas, ainda mexe comigo e faz-me sentir péssima mãe. Sei que é absurdo, mas sinto-o. A verdade é que tanto eu como o Daniel precisamos de ter momentos só nossos. Quero acreditar que, um dia destes, vou ser capaz de os deixar com alguém para eu e o Daniel irmos até ao cinema, mas depois conto-vos! Se toda a gente consegue, nós não somos diferentes… Por outro lado, embora tenha estes sentimentos, acho que se ainda não fomos ao cinema é por culpa do pai, ele é que anda a adiar essa saída a dois. É que ele também é um pai galinha!
A ideia de ficar sozinha em casa a cuidar do Rodrigo enquanto o Diogo está a trabalhar até é uma ideia confortável para mim. Mas também é algo desafiante. Gosto muito de trabalhar e do que faço, e, por isso, vai ser uma fase diferente. Por um lado, não tenho o Diogo ao meu lado e ele é um verdadeiro companheiro em tudo... Por outro lado, tenho o Rodrigo a crescer, vai ser bom vê-lo a evoluir comigo. Neste momento, nada substituiria isto, é mesmo muito bom termos esta oportunidade de podermos estar com ele em casa.