Desmamar o Dinis não foi nada fácil. Acho que nós, mães, sem querer acabamos sempre por proteger mais um bocadinho o filho mais novo. Tentei tirar-lhe a mama várias vezes até conseguir: no final de Maio, em Setembro e em Novembro. Voltei a amamentá-lo porque o Dinis adoeceu com otites e constipações. Como se recusava a comer e estava a tomar antibióticos, queria protegê-lo com o meu leite. Mas, em Novembro, fiz análises e percebi que estou com défice de ferro e de ácido fólico por causa da amamentação, por isso, resolvi fazer o desmame de vez.
Com a Primavera, vamos tentar desfraldar o Rodrigo. O ‘pitó’, o nome que damos ao bacio no Fundão, está na casa de banho e ele já diz que é para o cocó. Ele senta-se e acha piada. Já começa a fingir que está a fazer força mas, até agora, nunca fez nem chichi nem cocó. A Margarida anda toda entusiasmada com a situação e gosta de ir buscar livros e contar histórias ao irmão, enquanto ele está no ‘pitó’, na esperança de que algo aconteça. Vamos ver como corre.
Quem consegue ficar indiferente diante do espelho? Ninguém. Muito menos o Rodrigo. Desde cedo gosta de ir para a frente do espelho. Agora descobriu-se a si próprio. É muito engraçado vê-lo à frente do espelho, dos vidros, de tudo o que reflecte, a dizer: «Olá! Olá!» e a dar risadas. Depois vai atrás ou para dentro do roupeiro ver quem lá está. Nesta fase tudo é uma descoberta.
O Rodrigo tem umas pestanas lindas e compridas. Aprendeu bastante cedo a piscar o olho, quando lhe pedíamos para fazer olhinhos. Agora já sabe piscar só um, e usa bastante o seu ar de gato. Mete-se com as pessoas na rua, na natação… Se o repreendemos por algum motivo, a primeira coisa que faz é piscar-nos o olho.
Num domingo solarengo, o circo veio à cidade. Estava sozinha em casa com os pequeninos e decidi fazer-lhes uma surpresa. A reacção deles foi muito gira. Assim que viu a tenda, a Margarida começou a pular e a gritar bem alto: “Circo, circo, vamos ao circo!”. Curioso, o Rodrigo franziu as sobrancelhas. Agarrou-se ao meu pescoço com ar de quem estava a pensar: “O que é isto?” Mal o sentei, começou a bater as palmas ao som da música. Durante todo o espectáculo, manteve-se atento aos malabaristas e aos palhaços. E adorou ver as meninas suspensas lá no alto. Estava sempre a chamá-las. Também chamava os cães que os vieram cumprimentar e procurar pipocas. Foi um dia muito divertido!
O Rodrigo herdou da minha família um sinal na orelha e quisemos ouvir a opinião de uma especialista para saber se era para retirar ou manter. Fomos a uma consulta de cirurgia no Hospital Pediátrico de Coimbra. Não é nada de especial, é meramente estético. Mas foi muito engraçada a forma como o Rodrigo fez a viagem. Esteve quase o tempo todo a chamar-me. Tenho estado muito ausente de casa, trabalho quatro dias seguidos e tenho quatro de folga. E ainda dou formação nas folgas. Por isso, nem sempre é fácil conciliar o tempo disponível com a família. A Vera tem sido fundamental na gestão familiar.
O Rodrigo é maroto. Já tem sentido de humor e diverte-se com caretas e imitações. Começa a saber distinguir o que faz bem e mal. Há três expressões que marcam os 17 meses. Se o estamos a repreender, olha para nós e começa a piscar os olhos. Por vezes, faz cara de mau. Noutras, imita o choro e diz "ai o bebé!". Tenho plena consciência de que já tem noção de causa e efeito, porque mete coisas na boca e vai para a minha frente tirá-las. Também sabe que não gosto que coloque as mãos na comida. Então, sem tirar os olhos de mim, vai com a mão ao prato, e faz aquela cara de maroto que não sei se ria ou repreenda... É uma fase muito engraçada e de muita aprendizagem.