Apesar da tenra idade, a Margarida tem demonstrado grande capacidade de concentração. Adora actividades que a desafiem mentalmente. Gosta muito de fazer puzzles e brincar com dominós. É capaz de ficar longos períodos a brincar, sempre muito compenetrada. Fico embevecida a olhar para ela. Sozinha vai juntando as peças e identificando as semelhanças e diferenças. Fica tão orgulhosa de conseguir fazê-lo sem ajuda que até bate palmas. É um espectáculo de miúda!
Aproxima-se o Inverno e os programas na rua ficam limitados. Decidimos criar um espaço mágico dentro de casa. Além dos quartos e do jogo às escondidas, todas as brincadeiras serão ali. Há uma secretária com folhas e pinturas, uma estante cheia de livros, uma tenda de princesas, outra tenda com um túnel e uma piscina com bolas, muitos brinquedos e dois sofás para descansar. O quarto está decorado a rigor com quadros com os nomes deles e outro pintado por eles. É o cantinho da magia. Tudo se pode viver ali, mas com uma regra bem definida: ninguém sai sem o quarto ficar arrumado.
Visitámos o Portugal dos Pequenitos, em Coimbra. Os dias de passeio em família são sempre maravilhosos. A Margarida aproveitou e escolheu a casinha para onde quer ir morar.
No outro dia, enquanto conduzia, fiz uma travagem mais brusca no carro e disse: - «Ai, caraças!». Ao ouvir-me, o Rodrigo começou a repetir o que eu tinha dito. - «Ai caraças, ai caraças!», dizia ele. Não há dúvida de que temos mesmo de ter cuidado com o que dizemos. Ele é um verdadeiro papagaio e repete tudo o que falamos.
Apesar de ser uma fase de mudança –nova sala e novos amigos – o regresso à escola está a ser vivido com tranquilidade. A Margarida e o Daniel adoraram voltar às aulas. Ela mal entra no carro faz o relato do dia e a primeira coisa que me diz é que brincou muito com os amiguinhos. Dizem-nos que ela é muito bem-comportada e sempre a primeira a ajudar nas tarefas da escola, inclusive quando é hora de arrumar a sala.
O meu padrinho tocava piano. Ainda hoje recordo uma música que ele me ensinou quando era pequena. Infelizmente partiu cedo, mas deixou muitas e boas recordações que o tornam eterno. Sempre que vamos à minha madrinha eles gostam de ir tocar piano. É sempre um momento de reflexão mas ao mesmo tempo de animação.
Cá por casa, quando chega a hora de o Rodrigo dormir tentamos cumprir uma rotina: jantamos e, depois, procuramos acalmá-lo sem ecrãs nem estímulos que o excitem muito. Brincamos os três na sala e, a seguir, vamos para o quarto onde, todos os dias, lhe lemos uma ou várias histórias. O Rodrigo sempre precisou de nos ter por perto para adormecer. É assim até hoje.