Neste primeiro ano de vida, o Dinis veio para nos brindar com as suas gracinhas e boa-disposição. Ensinou-me a viver, a cuidar de mim e, sobretudo, mostrou-me que devo valorizar-me mais por aquilo que represento para a família Mesquita Furtado. A depressão pós-parto fez-me crescer emocionalmente e obrigou a olhar por mim. Ensinou-me que devemos agradecer cada dia de vida e, sobretudo, que todos merecemos parar pelo menos 30 minutos, por dia, para contemplar o que nos rodeia e amar as mais pequenas coisas da vida.
As nossas conversas a dois têm sido mais frequentes durante a madrugada. Por volta das 03h00 ou 04h00 da manhã é quando vamos conversando. Quando o Rodrigo acorda e está a mamar conseguimos falar um bocadinho mais. Como acordamos durante a noite já não conseguimos voltar a dormir e é aí, nesses momentos, que vamos falando. Durante as noites, o Hugo fica de olho na Margarida e eu com o Rodrigo. Ainda no outro dia falava com o Hugo e dizia-lhe que temos de fazer um programa a dois, ir ao cinema. Deixamos os meninos com os avôs e saímos só os dois. É algo que não temos tido oportunidade de fazer.
Tenho estado a contar as “Fábulas de Esopo” ao Rodrigo. Noto que, quando lhe estou a contar a história, ele tende a ficar mais calmo e calado. É muito engraçado ver isso. Não sei se ele está a perceber alguma coisa ou não, mas a introdução de palavras novas, a forma como nos expressamos a contar a história capta a atenção dele… E é também uma boa forma de introduzirmos vocabulário novo que no dia a dia não usamos. Tenho estado a contar-lhe histórias em português, mas daqui a uns tempos será a inglês. Queremos que ele se vá acostumando à língua inglesa.
Estou muito feliz com a nossa família. Tem sido mesmo muito bom ser pai do Rodrigo. Sempre desejei ter filhos e, de facto, nestes últimos meses tenho sentido uma felicidade extrema por ser pai. Não imaginava que fosse assim tão bom... As memórias que já construímos já são tantas e só passaram ainda quatro meses… Às vezes, dou por mim a ver fotografias e vejo que já fizemos tanta coisa. Eu e a Ana funcionamos muito bem em conjunto. É uma sinfonia que decorre naturalmente. Tenho sentido que a parentalidade tem corrido de forma muito suave e muito, muito positiva. Agora, até brinco com os meus amigos e digo-lhes para eles também terem filhos para o Rodrigo crescer com amigos.
Temos vivido dias de muito amor. O nosso filhote veio mudar todas as nossas rotinas, e aquilo que fazíamos a dois, mas veio mudar para melhor. Os nossos momentos a dois continuam a existir, e os momentos com ele são excepcionais. Tem sido uma felicidade extrema. Há sempre um som, um choro diferente e é muito bom estar a acompanhar estes momentos.Eu sinto-me muito privilegiado.
Dizem que as meninas são meninas do papá...vamos ver o que vai acontecer com a Margarida. Para já, o Daniel é um menino muito da mamã e a Margarida é umbilicalmente dependente da Ana. Confesso que não é uma coisa que me mova ou uma esperança que tenha. Não me importo nada que eles sejam os dois meninos da mamã desde que a Ana seja feliz. Há aquela expressão que diz: «Happy Wife, Happy Life», e eu sou um seguidor acérrimo dessa ideia. É muito mais fácil assim.