A hora de ir para a cama é a chamada hora do desafio. Porque o Rodrigo ainda demora muito tempo a adormecer. Durante as férias temos “a” técnica: vamos jantar fora, um bocadinho mais tarde e ele fica de rastos. Depois temos apenas que transpô-lo do carro para a cama. Isto parece horrível, mas foi a forma que arranjámos de não perder tanto tempo. Numa rotina diária normal, acabamos de jantar relativamente cedo. Às oito e meia da noite já estamos todos jantados e ficamos na sala a brincar um bocado. Vamos deitá-lo por volta das nove e ele só adormece lá para as dez, dez e meia. Houve um período que estava a correr melhor e o processo bastante mais rápido e agora de repente regrediu. É um momento um bocadinho frustrante. Às vezes se perdemos a paciência somos substituídos pelo outro.
O desporto deve ser um momento de lazer para as crianças pequenas. Os pais devem incentivá-las a experimentar várias modalidades e evitarem incutir-lhes sentimentos de competição.
A Margarida está mais desinibida. Antes de ir para escola estava comigo de manhã à noite e era muito tímida. Não gostava muito do contacto com outras pessoas. Está mais extrovertida e já brinca com outras crianças fora do círculo familiar. Na escola há dois ou três coleguinhas a quem dá preferência e de quem fala em casa. Na turma dela só há um rapazinho e ela está sempre a falar no Kiko. Costumo brincar que ele é o namoradinho dela. Na sala existe também um par de gémeas a quem ela acha alguma piada. Talvez por serem iguais ela fala muito nelas, principalmente à hora de dormir. Quanto ao Kiko, resta saber o que o pai acha desta história.
O Dinis tem uma boa relação com toda a gente. Por norma, dá-se bem com crianças da idade dele e, na escola, tem um bom grupo de amigos e brinca com todos. Gosta dos mais velhos. Principalmente na escolinha gosta de ir para o campo de jogos quando estão os mais velhos e quer juntar-se à brincadeira, mas é perigoso. Mesmo com os adultos ele não tem qualquer problema, embora no início esteja um bocadinho envergonhado, o que é natural.
A Margarida gosta muito de falar inglês. Sem ninguém ensinar, o Rodrigo começou a dizer “hello” e “bye, bye”. Recordo-me de a Margarida ter ido à consulta dos dois anos e de se despedir da pediatra em inglês. Ela já tinha fechado o computador e abriu para registar, achou piada. Fico muito feliz por eles desenvolverem esta apetência, já que o meu "calcanhar de Aquiles " sempre foi o inglês. Nesta fase, o Rodrigo está a aprimorar muitas características, inclusive a personalidade. A forma de falar, movimentar, interagir, o temperamento, o relacionamento com as outras crianças e com a família.
O Rodrigo está numa fase em que absorve tudo. A pedagoga Maria Montessori diz que as crianças são uma mente absorvente e acho que é isto. Ele é uma esponja. Por isso temos que ter muito cuidado porque somos a principal fonte para formar o comportamento dele. Se estivermos sempre mal dispostos, dissermos uns palavrões, eles vão absorver tudo, os nossos vícios e as nossas formas de reagir. Está tudo a ser consumido sem filtro. Às vezes sinto que tenho um peso nos ombros. É um exame ao nosso carácter. É neste momento em que ele vai olhar e ver exemplos a seguir. É um exame à forma como reagimos e por vezes reagimos de forma irreflectida. Um filho obriga-nos a pensar porque é que reagimos daquela forma e perceber como podes sempre fazer melhor.
A Margarida e o irmão cada vez interagem mais. Já brincam um com o outro. Está longe de ser aquilo que gostávamos, porque o Daniel rapidamente se farta dela. Mas a Margarida procura sempre uma brecha para entrar nas brincadeiras dele. O Daniel por seu lado está sempre a corrigi-la: «Mana, não é assim.» Ele é muito mandão. «Não é assim, é assado», repreende. Nas viagens de carro acontece muito. Mas a Margarida é muito teimosa e teima que é como ela diz. E cada um puxa para seu lado. Enfim, é a chamada harmonia entre irmãos.