Pela nossa experiência, a idade dos dois anos é uma fase algo complicada. As crianças querem começar a fazer tudo sozinhas e acham que conseguem. Começam a ganhar autonomia para algumas tarefas e a tentativa-erro é importante para a sua aprendizagem. Mas, muitas vezes, uns segundos depois de tentarem e não conseguirem lá vem um "mano, mamã, papá… aduda!"
Em Junho a Margarida fez dois anos. Juntámos familiares, amigos e vizinhos, e celebrámos o aniversário numa linda festa cujo tema, escolhido pela Margarida, foi "Alice no país das maravilhas" - que é o seu filme favorito. Adoro organizar festas e meti logo as mãos à obra. Decorei todo o espaço e criei, em pasta de açúcar, os diferentes personagens do filme para cada bolo. Foi muito trabalhoso, mas gratificante... A Margarida delirou ao ver os 'bonequinhos' da televisão tão perto na festa dela.
Continuamos a apostar no inglês, mas não tanto como desejaríamos. O Rodrigo já sabe contar até dez, sabe dizer palmas entre outras palavras que têm a ver com canções. Neste momento estamos a tentar introduzir algumas músicas que falem das partes do corpo, porque em português já domina completamente. Confesso que gostava que essa parte estivesse mais desenvolvida e ainda não está. Mas com tempo vamos lá.
A minha mãe está na Academia Sénior do Fundão e eles estão a preparar um teatro de fantoches. Sempre que a Margarida e o Rodrigo dormem em casa da avó, ela treina as histórias e eles adoram ouvir. A Margarida agora já as decorou e quando a avó se engana ela diz logo: “Não é assim, avó”.
No nosso dia-a-dia tentamos mostrar o mundo real aos nossos filhos. Fazemo-lo de forma ligeira e lúdica, mas sem deixar de realçar a importância das coisas. Por exemplo, a analogia entre os desenhos animados e a realidade. No aquário, tivemos a oportunidade de lhes mostrar que a Dóri e o Nemo existem de verdade e vivem no oceano. Assim podemos abordar questões como o cuidado com o ambiente, para não destruir a “casa dos peixinhos”. Zara
Qualquer um de nós encarrega-se das sessões de leitura para os nossos filhos. Conseguimos ter aí uns cinco minutos da atenção total deles. O Daniel já quer ouvir uma história, a Margarida é capaz de estar uns dois minutos atenta, se os bonecos a interessarem. Mas farta-se mais depressa. Ou lemos a história individualmente a cada um, ou é muito difícil. O Daniel quer cadência, quer leitura efectiva. A Margarida quer falar dos animaizinhos nas páginas. Estão com comprimentos de onda completamente diferentes relativamente ao tema literatura. Ao deitar há a história inventada pelo pai, quando é o pai a deitar. Sem livro o pai inventa histórias.
Ana
Gosto de adaptar histórias infantis que existem com os meus detalhes de parvoíce. Acho que eles gostam, pelo menos o Daniel ri-se bastante. Normalmente a Margarida e o Daniel são os protagonistas da história, mas o Daniel quer sempre introduzir um personagem na história que é o cocó. É raro haver uma história que não meta cocó. É uma história sem moral como uma fábula. O meu objectivo é adormecê-los. Eu às vezes fico triste porque queria terminar a história. Mas se tiver sucesso desisto e vou-me embora. No dia a seguir arranjo uma história nova, já as personagens são sempre as mesmas.
O Rodrigo está a ficar uma verdadeira esponja. Qualquer coisa que façamos ele imita. Há situações engraçadas. Por exemplo, um de nós diz uma palavra que não devia e ele repete fora de contexto. Ouviu a palavra «chupa» e começou a repeti-la. É uma palavra engraçada ainda mais se for descontextualizada. Não estamos habituados a ouvir uma criança a dizer isso. Deu-nos vontade de rir, gravar e de enviar aos avós. Até há pouco tempo trocava o ‘cê’ pelo ‘tê’. O porco era porto. Eu perguntava-lhe: «Como é que faz o porto?» ele respondia com o som do porco. Ele agora já está a aprender a dizer o ‘cê’, por isso graçolas destas têm os dias contados. Mas o acto de copiar tal e qual o que dizemos é o prato forte do dia.
Fomos passar uma semana de férias a Sesimbra. Passámos momentos muito divertidos em família. Os pequenos adoraram a surpresa que lhes fizemos: ver os golfinhos no Rio Sado de barco. O Rodrigo adormeceu durante a viagem, mas a Margarida estava muito entusiasmada e fazia uns barulhos semelhantes aos dos golfinhos. Quando se aproximavam do barco, ela só se ria e dizia: «Estou tão feliz. Obrigada, mãe e pai!» Para a ver assim tão alegre, valeu a pena. O Rodrigo ainda acordou a tempo de ver os golfinhos. Ficou muito sério a olhar até começar a chamá-los e a dizer: «Mãe oto». Foram umas férias espectaculares.