Ao fim de semana, as rotinas mudaram. As nossas manhãs de sábado são, agora, mais especiais pois são manhãs de Dolce Far Niente.
A Margarida e o Daniel, assim que acordam, querem logo vir para a nossa cama. Ficamos deitados os quatros, tentando que o Daniel fique sossegado o máximo de tempo possível. Quando ele decide que quer levantar-se, aí eu não tenho outro remédio se não levantar e ficar com ele. Acima de tudo, estes são momentos de tranquilidade que desfrutamos em família. A mim sabem-me particularmente bem pois, durante a semana, as saudades vão-se acumulando. É sempre bom estar com a Ana e os nossos filhos.
As vias aéreas das crianças são muito estreitas, e qualquer obstrução, vai dificultar a passagem de ar e isso causa muitas vezes aquilo a que chamamos roncopatia, isto quer dizer que as crianças ressonam durante a noite.
A vida é um trade-off, se estamos em casa, não estamos na praia. Focar-me no que estou a perder não é positivo. Pessoalmente o mais importante é que um de nós consiga estar com o Rodrigo a tempo inteiro. Se vivêssemos num país no norte da Europa tínhamos mais tempo para acompanhar os primeiros tempos do nosso filho. Para nós foi importantíssimo que um de nós conseguisse estar com ele. Se sou eu ou o Diogo não é a questão. E fico muito contente quando o Diogo me manda vídeos para o trabalho a dizer: «olha ele está a gatinhar para trás». Felizmente ele aprendeu a bater palmas num momento em que estávamos os três. As pessoas que sentem que perdem o desenvolvimento dos filhos é porque não estão lá nos momentos importantes. Eu não sinto isso, sei que estou lá. Se há um momento a registar que não estive estarei presente a seguir. Sinto que estou equilibrada na forma como giro a minha vida pessoal e o meu trabalho. Faço, no entanto, questão de não perder momentos importantes da nossa vida a três. Não quero perder um aniversário dele ou do Diogo.
Não é fácil ser voluntário, quando se trabalha, tem casa, marido e filhos, mas o amor e a dedicação à causa transformam o impossível em possível. Faz-me bem, sinto-me útil e sei que os meus filhos vão sentir orgulho nos pais. Quando tomei a decisão de progredir na carreira de bombeira – promoção a subchefe– sabia que teria de fazer um esforço porque o Rodrigo é muito pequeno e a Margarida requer muita atenção. Fiz formação pós-laboral numa localidade a mais de uma hora de casa de quarta a sexta-feira e também ao fim-de-semana. Só o fiz com a ajuda do Hugo e dos meus pais e muita força de vontade para aprender, rever conceitos e melhorar o desemprenho como elemento de chefia. O dia da mãe não foi o expectável. Em vez de abraçar os meus filhos, vesti a farda e concluí com sucesso a formação de chefe de equipa de incêndios urbanos. Senti saudades deles, mas sou da opinião que o dia da Mãe será todos os dias. Dia 27 de Maio foi um dia de muitas emoções, concluí também a formação de chefe de equipa de incêndios florestais e fui condecorada com os galões de subchefe. Para vestir a farda é preciso muito mais do que formação, é preciso ter coragem, tempo, motivação e acima de tudo, amor à causa e gostar de ajudar o próximo. Gosto de receber em troca um sorriso de um doente terminal, a felicidade de uma mãe que deu à luz, ou a história de um velho que nos transmite experiência de vida ou sorri apenas pela nossa presença. De todos os bombeiros que conheço não há um que se arrependa da escolha que fez. É esta força que nos faz ser bombeiros.
Aos quase 14 meses de idade, o Dinis ainda não dá os primeiros passos. Já por algumas vezes tentou dar uns pequenos passinhos, mas sem êxito, pois cai logo de imediato no chão. No meu ponto de vista, há uma razão para tal acontecer: como o Dinis gatinha muito, e até com alguma desenvoltura, não sente ainda necessidade de andar em pé. Julgo que ele deverá pensar: “Se eu chego a todo o lado gatinhando, porque razão vou andar de pé?!”
Não há margem para dúvida: os miúdos têm todos uma rotina. Quando saem do ritmo, que lhes é habitual, é um problema. Já reparei que se, por acaso, a Margarida não dorme bem, nem de manhã nem à tarde, fica instável ao longo do dia.
Por mais incrível que possa parecer, quando um bebé não dorme a tendência é achar que adormecerá a qualquer momento, mas isso não é bem assim. Por exemplo, com a Margarida acontece exactamente o contrário: se passou a hora de ela dormir, já não dorme mais. Fica muito chata, não quer lanchar nem jantar. No meio de tudo isto, eu vejo-me aflita pois ela só quer mama.
O livro “Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry marcou presença num dia muito especial para a nossa família: o baptizado do Rodrigo. Foi tudo organizado ao pormenor para que o Rodrigo brilhasse, como as estrelas que iluminam o céu. O Rodrigo portou-se muito bem. Nem sequer chorou, já eu emocionei-me muito porque tinha a Nossa Senhora de Fátima à minha frente. Foi um dia lindo em que estiveram presentes todas pessoas importantes da nossa vida.
No passado dia 11 fui convidada para falar sobre a minha vida académica, profissional e, também, claro está, da minha apaixonante experiência de ser mãe de duas “crias macho” no programa “Vale a Pena”, na Rádio Foia, de Monchique. A experiência foi muito gratificante para mim pois gostei de poder transmitir, a quem me ouvia, uma mensagem positiva sobre a vida de mãe. Gostei especialmente de falar sobre o Projeto Bebés Saúda, explicando aos ouvintes como esta aventura começou. Por outro lado, “Vale a Pena” permitiu-me mostrar aos outros como, às vezes, os caminhos que tomamos nem sempre nos dão os maiores sucessos ao nível profissional. Falei sobre o facto da região onde actualmente residimos, Portimão, Algarve, apostar no turismo sazonal, não valorizando quem direccionou os seus estudos à fase mais bonita da vida – a velhice.