A verdade nua e crua
Quando estou com a Margarida ao colo é o momento em que estou a prestar mais atenção a mim do que a ela. Arranjei uma posição boa, e ela fica ali sossegadinha. Acabo por fazer qualquer coisa que me apeteça (entenda-se jogar PlayStation) e desligo-me um bocadinho dela. Não será o momento em que me sinto «o pai do ano». Aliás não tenho a soberba de me sentir o pai do ano. Faço o possível e o impossível para que os meus filhos sejam felizes, porque gosto muito deles. Inicialmente a Margarida ficava naquela posição deitada no meu peito e gostava muito. Com o irmão acontecia o mesmo. Só que agora às vezes já não vai muito à bola com isso. Quero dizer quando ela finalmente pára de chorar ao fim daquela hora e adormece ao meu colo num sono tranquilo, fico com aquela sensação: «Epá, és pai.»
Daniel