As nossas primeiras férias foram espectaculares! Foram momentos extremamente felizes. As primeiras gargalhadas que o Rodrigo deu foram dadas durante a viagem. Estes dias foram mesmo muito bons. Fomos à praia, passeámos e visitámos várias cidades. Estivemos no Algarve e Andaluzia. Visitámos Sevilha, Córdoba, Granada, entre outros sítios. Para o ano, é bastante provável que façamos a primeira viagem de avião com o Rodrigo. Aos pais que gostam de viajar deixamos uma dica: utilizem babywearing. É mais prático para viajar do que usar o carrinho. Tivemos de férias durante duas semanas e nunca utilizámos o carrinho, nem por um minuto! Só ocupou espaço na bagageira que, felizmente, era grande. Durante estes dias fizemos combinação de babywearing com a espreguiçadeira.Quando estávamos a jantar ou a tomar o pequeno-almoço ele ficava na espreguiçadeira, e depois usávamos as mochilas para andar a visitar as aldeias e a fazer os passeios.
À noite, a Margarida dorme connosco, mas isso nunca foi uma opção nossa. Ela é que se tem recusado terminantemente a dormir na cama dela. Como nós queremos que ela durma, que eles durmam e também queremos dormir foi a solução que arranjámos. Então a nossa filha dorme na nossa cama todos os dias. Acho que o Daniel e a bebé dormem confortáveis, já eu nem por isso. O Daniel (filho) deve ter dormido connosco meia dúzia de vezes desde que nasceu. Apenas as duas vezes que esteve doente. A Margarida nunca não dormiu connosco. Ou seja, as nossas noites nunca mais foram as mesmas.
Umas das coisas que não descuramos é a segurança dos nossos filhos. Decidimos sempre investir em cadeirinhas de automóvel bem classificadas em estudos de mercado e que cumpram as normas em vigor.
Neste aspecto não vamos facilitar, ainda que os meninos não gostem, temos que lhes explicar que é para o bem deles. Mesmo no caso de viagens curtas, e supostamente seguras, o perigo está sempre à espreita.
A colocação correcta dos cintos, tanto nos sistemas de retenção para o automóvel, como no próprio carrinho de passeio é fundamental, porque os acidentes acontecem quando e onde menos se espera.
Quando em Outubro voltámos a ver o país a arder e muitas vidas perdidas soubemos que tínhamos que mostrar o nosso descontentamento. Por essa razão não hesitámos em participar nas vigílias/manifestações que ocorreram em Lisboa. Mesmo com as primeiras chuvas a cair sabia que tínhamos de estar os três presentes. Escrevemos um pequeno texto, em nome do Rodrigo, o qual esperamos, um dia, poder mostrar-lhe.
“Olá, sou o Rodrigo e tenho 3 meses e meio. Hoje tinha de estar aqui, mesmo com frio e chuva. Hoje tinha que estar aqui por todos aqueles que morreram, por todos os que ficaram sem casa e ainda sofrem. Hoje estou aqui porque não me posso “auto proteger” nem “habituar” a um país que não cuida de mim. Hoje estou aqui porque não posso crescer num país onde quem governa se vangloria dos seus feitos, mas é incapaz de assumir as suas perdas. Hoje vim aqui porque ontem foi o filho de alguém que morreu, mas, se nada mudar, se ninguém se responsabilizar, amanhã posso ser eu...”
Costuma dizer-se que melhor do que ter um filho é ter dois e é mesmo isso que tenho sentido. Ser mãe de segunda viagem é um enriquecimento, dá-nos outro conhecimento. É mais fácil lidarmos com as coisas. Quando me estreei no papel de mãe vi-me diante de situações, nomeadamente relacionadas com a amamentação, que, na altura, por serem novas eram mais difíceis. Agora que sou mãe do Rodrigo, tudo é mais fácil. É tudo mais simples pelo facto de ter mais conhecimentos e experiência. No entanto, ao mesmo tempo, acaba por ser mais complicado porque temos de gerir bem o tempo. No outro dia dei por mim a pensar que quando estava grávida da Margarida tive a preocupação de ler vários livros e de me informar sobre tudo o que envolvia a gravidez e o bebé, mas desde o nascimento do Rodrigo ainda não li nenhum livro.
Eu e a minha avó sempre fomos chegadas. Falamos todos os dias, nem que seja por mensagem. Sou a única neta (menina) e desde que me lembro de ser gente vejo a minha avó na minha vida. Agora, com os meus filhos, não é diferente. Gosta tanto deles como de mim. Minto, gosta mais deles do que de mim. E isso é muito bom. É muito independente e senhora do seu nariz, muito activa, vaidosa, e gosta muito de passear e dançar. Vai muitas vezes ao "baile", onde encontra os amigos e dança a tarde toda. Tem uma personalidade fortíssima e carismática, e adora a família. Temos sido uns sortudos por podermos crescer e conviver com ela. Não consegue passar um dia sem ver os bisnetos e não digo isto a brincar. É lhe mesmo difícil não estar com eles. Como ela mesma diz, não esperava conhecer um filho meu e, de repente, estão dois caramelos pequeninos a entrar pela porta da casa dela, cheios de alegria e energia. Mesmo o que ela queria. Mesmo o que ela precisa. Todos os dias vai comigo buscar o Daniel à escolinha. Fica com a Margarida no carro, enquanto vou buscar o irmão, e depois, vamos lanchar os quatro à padaria do costume, onde o mais velho brinca à vontade e a Margarida sorri no colo da bisa que não quer ser chamada de bisa, mas sim de Vovó porque, palavras dela, é Avó duas vezes. Andamos sempre juntas e agora, com dois filhos, ela é uma ajuda preciosa. Vou dizer novamente, porque nunca será demais dizê-lo: somos sortudos por ter assim uma avó. A minha avó é muito fixe. Obrigada Bó Guita, como diz o Daniel.
Costumo fazer relaxamentos com regularidade para ficar mais tranquila. Comecei a fazê-lo logo a seguir ao nascimento do Dinis para controlar a ansiedade. Hoje continuo a fazer dois ou três relaxamentos programados ou profundos por semana. São relaxamentos que oiço através do Youtube. Coloco o Dinis na espreguiçadeira e acabamos os dois por relaxar e adormecer. Ele adormece mais rápido do que eu. São músicas que nos projectam para um ambiente tranquilo e que nos “dão a mão” para iniciar o sono. Acho importante fazer estes rituais. A psicologia fala muito nisso para pessoas que sofram de ansiedade ou de crises de pânico. Apesar de já me sentir restabelecida da depressão pós-parto gosto de manter o ritual. O Dinis tornou-se um bebé mais tranquilo e a chucha foi importante neste processo. Sinto que foi fundamental a minha nova postura. O facto de ter alterado alguns comportamentos com os três. Comecei a ver a vida de forma mais positiva e isso inundou a nossa casa de boas energias.